domingo, 27 de maio de 2007

O que perdemos...

Outro dia fui a Lisboa a uma formação e, quando estava à espera do combóio para me vir embora, apareceu na estação uma rapariga, devia ser mais nova do que eu uns cinco ou seis anos.
Surgiu à minha frente vinda não sei de onde, aos gritos, a berrar obscenidades mais propriamente.
Estava indignada com umas miúdas que por alí estariam mas, depois percebi que não eram as miúdas a causa dos gritos dela, era o mundo no geral, ela tinha perdido a noção de comportamento, tinha perdido a noção do "EU" estava alheia às pessoas e à sociedade.
Não tinha mau aspecto, pelo contrário, estava cuidada, limpa, à partida uma pessoa como tantas outras mas, dentro da sua cabeça algo terá mudado, não sei quando nem porquê mas algo mudou e ela perdeu-se num mundo só dela.
Senti medo, podia ser eu afinal de contas! Senti medo porque a dada altura pensei pela milésima vez que a fronteira entre a loucura e a normalidade é muito ténue e, uma vez do lado de lá muitas vezes não há regresso.
Senti medo porque podia ser eu a ter perdido a noção do ridiculo, a noção de sociedade, a noção do que há à minha volta e, numa hora dessas muitas vezes não há ninguém que nos espere ao fim de um dia.
Senti medo de um dia me vir a perder num mundo só meu.
Este sentimento de medo e de impotência impede-me sempre de gozar como vi pessoas a fazer. Não sou melhor nem pior que os outros, sou apenas mais uma pessoa na sociedade mas acho que prescindia do lado sensivel que me impediu de gozar a rapariga que ali esteve à minha frente...
Afinal quando não conhecemos não sofremos...

6 + 5 comentários para parecerem muitos:

Mónica Lice disse...

Parabéns pelo blog! Não conhecia e gostei!

Beijinhos.

Anónimo disse...

Ora aqui está uma excelente reflexão. Acreditas que, para mim, esse é um dos maiores receios? Estou a escrever a sério!

Beruska disse...

Passei por aqui por acaso e não fui capaz de "passar e andar"...
De facto a fronteira entre a normalidade e a loucura é tão ténue, que às vezes a transpomos sem dar conta... mas o receio de que isso aconteça é tanto...

Lilith disse...

ALICE- Obrigada Alice, ainda bem que gostaste! Vou passar pelo teu e depois hei-de retribuir o comentário!

ARION- Pois para mim também! Ainda por cima com antecedentes familiares como os que tenho ainda tenho mais medo...

JOANA- É verdade Joana, o grande receio que tenho de que isso me aconteça... Bem, perfiro nem pensar! Obrigada pelo teu comentário. Beijokas

Rafeiro Perfumado disse...

Quando isso acontecer, já não te deves importar. Não empurres é ninguém para a linha, ok? Especialmente se esse alguém for eu...

Lilith disse...

RAFF: OK vou tentar lembrar-me! Mas se te empurrar tenho desculpa :-))