
Surgiu à minha frente vinda não sei de onde, aos gritos, a berrar obscenidades mais propriamente.
Estava indignada com umas miúdas que por alí estariam mas, depois percebi que não eram as miúdas a causa dos gritos dela, era o mundo no geral, ela tinha perdido a noção de comportamento, tinha perdido a noção do "EU" estava alheia às pessoas e à sociedade.
Não tinha mau aspecto, pelo contrário, estava cuidada, limpa, à partida uma pessoa como tantas outras mas, dentro da sua cabeça algo terá mudado, não sei quando nem porquê mas algo mudou e ela perdeu-se num mundo só dela.
Senti medo, podia ser eu afinal de contas! Senti medo porque a dada altura pensei pela milésima vez que a fronteira entre a loucura e a normalidade é muito ténue e, uma vez do lado de lá muitas vezes não há regresso.
Senti medo porque podia ser eu a ter perdido a noção do ridiculo, a noção de sociedade, a noção do que há à minha volta e, numa hora dessas muitas vezes não há ninguém que nos espere ao fim de um dia.
Senti medo de um dia me vir a perder num mundo só meu.
Este sentimento de medo e de impotência impede-me sempre de gozar como vi pessoas a fazer. Não sou melhor nem pior que os outros, sou apenas mais uma pessoa na sociedade mas acho que prescindia do lado sensivel que me impediu de gozar a rapariga que ali esteve à minha frente...
Afinal quando não conhecemos não sofremos...
6 + 5 comentários para parecerem muitos:
Parabéns pelo blog! Não conhecia e gostei!
Beijinhos.
Ora aqui está uma excelente reflexão. Acreditas que, para mim, esse é um dos maiores receios? Estou a escrever a sério!
Passei por aqui por acaso e não fui capaz de "passar e andar"...
De facto a fronteira entre a normalidade e a loucura é tão ténue, que às vezes a transpomos sem dar conta... mas o receio de que isso aconteça é tanto...
ALICE- Obrigada Alice, ainda bem que gostaste! Vou passar pelo teu e depois hei-de retribuir o comentário!
ARION- Pois para mim também! Ainda por cima com antecedentes familiares como os que tenho ainda tenho mais medo...
JOANA- É verdade Joana, o grande receio que tenho de que isso me aconteça... Bem, perfiro nem pensar! Obrigada pelo teu comentário. Beijokas
Quando isso acontecer, já não te deves importar. Não empurres é ninguém para a linha, ok? Especialmente se esse alguém for eu...
RAFF: OK vou tentar lembrar-me! Mas se te empurrar tenho desculpa :-))
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